Eu acho qualquer coisa sobre decoração fantástico, você concorda?

https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Casas/noticia/2021/06/lar-multigeracional-como-melhorar-convivencia-entre-familiares-que-vivem-na-mesma-casa.html

Diferentes gerações compõem os núcleos familiares, o que resulta em desafios e trocas de vivências diárias. Saber ouvir e respeitar as experiências do próximo são desafios ainda mais frequentes quando se vive em um lar multigeracional – também conhecido como intergeracional – habitado por pessoas com faixas etárias variadas e prioridades.

 

 

 

 

 

Lar multigeracional: como melhorar a convivência entre familiares que vivem na mesma casa (Foto: Getty Images)

 

De acordo com o psicólogo e psicanalista Ronaldo Coelho, o maior desafio desse estilo de moradia é praticar a tolerância, além de aceitar que o que é certo para uma determinada geração pode não ser para outra. “Por exemplo: na educação das crianças e adolescentes, pais e avós podem discordar completamente. E isso certamente será um problema necessário de ser encarado. Será importante que os avós ocupem o papel de avós, deixando que os pais decidam sobre a educação dos filhos. Todavia, isso nem sempre é tarefa fácil para os avós”, pontua.

Ele salienta ainda que essa situação pode ser ainda mais complicada diante da quarentena, que tem sido um momento delicado para muitas pessoas, em diversos aspectos. “Por causa das necessidades financeiras, houve a diminuição da renda de muitas famílias. E, devido ao desemprego, muitos parentes decidiram se juntar sob o mesmo teto, o que ocasionou uma reaproximação.”

Contudo, mesmo surja em meio a uma fase de adversidades, a oportunidade de viver com familiares pode ter pontos positivos: “A maior vantagem me parece ser justamente de ordem econômica, uma vez que a manutenção de uma residência é muito mais barata do que manter duas ou mais casas”, sugere o psicólogo. Somado a isso, os idosos podem manter a integração social, se sentindo menos solitários e exercitando a saúde mental.

Por outro lado, ele acrescenta que a convivência é benéfica para o amadurecimento e autoconhecimento de todos: "Estamos em um tempo onde somos facilmente atraídos para tudo aquilo que é semelhante a nós mesmos, vivendo muito pouco o contraditório. Quando nos deparamos com um modo de pensar que nos soa incomum, isso amplia os pontos de vista, nos fazendo compreender que a nossa maneira não é a única, mas apenas uma dentre muitas outras possíveis”, diz o especialista.

Por que os lares multigeracionais devem ser bem planejados?

Lar multigeracional: como melhorar a convivência entre familiares que vivem na mesma casa (Foto: Getty Images)

 

 

 

Segundo a arquiteta Isabella Nalon, a morada que abriga diferentes gerações deve ser bem projetada para que seja segura para todas as idades, que poderão interagir, colaborar e explorar seus valores e potenciais em situações cotidianas. Apesar de ser um cenário comum no Brasil (com filhos que iniciaram no mercado de trabalho, mas permanecem na casa dos pais ou idosos que moram junto dos filhos e netos), os arranjos podem sofrer variações em seu planejamento, conforme às necessidades da família ou comunidade.

Entretanto, a arquiteta Virna Carvalho destaca que, para que a rotina flua de forma harmônica, é extremamente necessário que os moradores tenham ambientes integrados, mas que não menosprezem a noção de individualidade. “A nível comportamental, a necessidade acaba quebrando a velha busca pela independência plena, o que pode trazer conflitos e frustrações. Cabe a arquitetura, criar espaços que possam ser funcionais, úteis e agradáveis para todas as gerações que lá habitam, porém, com o importante desafio de preservar as privacidade de cada um”, afirma.

A seguir, as entrevistadas citaram alguns fatores essenciais que devem ser observados na construção de um lar multigeracional. Confira:

– Realizar a arquitetura inclusiva, em que o espaço habitacional seja adequado para diferentes faixas etárias

– Estudar a instalação de rampas, corrimãos e banheiros adaptados, levando em conta a mobilidade reduzida dos idosos.

– Considerar o predomínio da iluminação e ventilação naturais, que proporcionam mais saúde e bem-estar.

– Manter a área íntima com isolamento acústico, preservando o horário de sono de quem dorme mais cedo, sem privar as ações de quem tem rotina noturna.

– Ter uma área social grande e equipada para que as diversas gerações convivam em harmonia e compartilhem momentos.

– Criar alguns ambientes abertos e multifuncionais, que atendam às demandas da família.

– Discutir tarefas e responsabilidades entre os familiares para evitar conflitos.

– Realizar discussões financeiras em conjunto, para que todos estejam cientes da situação econômica do grupo.

 

À primeira vista, a aplicação desses tópicos pode parecer um trabalho árduo. No entanto, a arquiteta Virna Carvalho faz a seguinte reflexão: “A população do planeta está envelhecendo e os projetos para proporcionar melhor qualidade de vida, com maior inclusão social e mobilidade pareciam não ter urgência. Entretanto, sérios debates sobre formas de melhor viver, naturalmente, estarão em pauta após a crise que estamos passando. Diante disso, uma vida intergeracional, em que idosos podem viver de forma independente, mas dentro de uma comunidade equilibrada e solidária, pode ser um dos alicerces para um futuro melhor para todos nós”, relata. 

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