Vamos Ver?

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Fincar os pés em Brasília nunca esteve no radar de Alan Chu. A mudança que fez o arquiteto, sua mulher e os dois filhos encaixotarem a vida e rumarem ao Centro-Oeste trilhou caminhos do inconsciente. “A Cris teve um sonho místico com uma cidade que nem conhecia. Descobrimos ser Alto Paraíso, o interior de Goiás. Visitamos, nos encantamos e fomos passar uma temporada”, revela.

A primeira experiência em projetar no Cerrado começava ali: o casal montou a pousada Casa da Mangueira, que acolhe, em suas três suítes, hóspedes interessados nas belezas da região de muitas cachoeiras, encravadas na Chapada dos Veadeiros. À distância, Alan seguia sua rotina na equipe do escritório paulistano de Isay Weinfeld.

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

 

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Essa vida onírica não terminou – apenas sofreu um ajuste de rota. Com as crianças maiores, a busca por uma escola levou os Chu para a urbe de Lucio Costa. E aqui se inicia um novo capítulo. “Fica difícil fugir dessa relação forte coma arquitetura moderna, muito marcante em Brasília. Eu respeito o patrimônio, valorizo o projeto existente, aproveito o cobogó, mas não compactuo coma mesma rigidez. Gosto mais do sensorial, de uma mistura sutil, leve”, pensa o profissional sobre seu atual endereço na Asa Sul, um bloco erguido pela Novacap e inaugurado em 1960. Na época, o coordenador de projetos da companhia urbanizadora era um já experiente Oscar Niemeyer

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Curiosidades do informal dialeto arquitetônico brasiliense: bloco é sinônimo de prédio; um apartamento de canto é mais valorizado, pois permite que a luz passeie por todos os cômodos ao longo do dia; andares baixos (vale destacar que no Plano Piloto nenhuma unidade residencial ultrapassa seis pavimentos) miram a copa das árvores; o sol da manhã incidindo nos quartos garante noites mais frescas. Ponto para quem imaginou que a unidade de 140 m² escolhida por Chu para dividir com a família preenche todos esses requisitos.

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

A reforma manteve a quantidade original de quartos. E só. A cozinha teve as paredes que a separavam da sala substituídas por um muxarabi e ganhou uma estante metálica levíssima, que deixa tudo à mão. Um planejamento inteligente de marcenaria previu armários dupla-face, voltados para o corredor e para os quartos, multiplicando discretamente o espaço de armazenamento.

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Os banheiros se renovaram com bancadas de quartzito, que respeitam a paleta neutra da proposta de 1960. Até o piso de peroba de demolição recebeu tratamento para ficar mais claro. Poucos materiais, poucas cores, muitas texturas, muito conforto: tudo pontuado pela dinâmica da luz, que desenha seus rastros pela morada ao longo do dia.

 

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

Apartamentos dos anos 1960 tem vista encantadora para a copa das árvores (Foto: Djan Chu/Divulgação)

 

A herança marcante dos lugares por onde esteve se reflete no estilo da arquitetura desse paulistano, filho de mãe chinesa, que não pode mais ser chamado de novato ou mesmo forasteiro no Centro-Oeste. “Essa noção de espaço público livre entre os prédios, de colher fruta do pé na rua, frequentar o Clube da Vizinhança é algo muito bomde morar aqui”, avalia. Com escritório aberto na cidade e trabalhos em andamento na Chapada dos Veadeiros, o futuro é palpável. “Me motiva estar onde muito pode acontecer”, completa, já sonhando novamente. Mas com os pés no chão.

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